sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A TRAIÇÃO DAS IMAGENS















René Magritte (1898-1967) tinha apenas 13 anos quando a sua mãe cometeu um ato terrível. Depois de várias tentativas de suicídio, ela atirou-se de uma ponte, afogando-se no Rio Sambre. Diz-se que este acontecimento viria a marcar para o resto da vida o pintor belga, levando-o a pintar quadros como Les Amants (1928), em que dois namorados se beijam encapuçados - da mesma forma que a sua mãe tinha sido encontrada, com o vestido cobrindo-lhe a cabeça. 









Apesar da tragédia, a verdade é que Magritte se tornou um dos pintores mais famosos do século XX e um marco incontestável da arte surrealista.












Para muitos apreciadores da arte a obra de René Magritte é perturbadora, misteriosa, intrigante. Todos esses adjetivos são cabíveis à obra surrealista desse renomado pintor. O quadro  “Os Amantes”, feito no ano de 1928 nos remete, de fato, a alguns desses adjetivos. 








                                                      
A origem do casal retratado em "Os Amantes" vem, provavelmente, da imaginação de Magritte, inspirado por um personagem do gibi francês chamado Fantomas. Como a maioria dos pintores surrealistas, Magritte era fascinado pelo Fantomas, uma espécie de vilão da literatura francesa. Esse personagem ficou tão conhecido que foi adaptado para o cinema, onde aparecia sempre com o rosto coberto por uma meia ou por um pano. 


Outra possível causa para as faces ocultas do casal está na morte da mãe do pintor, que cometeu suicídio e foi encontrada no Rio Sambre, no norte da França. A cabeça da mulher estava enrolada no vestido que ela usava, o que pode ter inspirado Magritte na execução do quadro.





Gibi do Fantomas, personagem que inspirou Rene Magritte na execução da obra.










 

Aparentemente, trata-se de uma representação de um casal que está viajando ou a passeio, já que o plano de fundo é formado por montanhas, e não por prédios ou quaisquer outros  elementos comuns em temas urbanos.









Trabalhho fotográfico fazendo alusão à obra de Magritte




Sente-se uma espécie de estranhamento ou inquietação ao observar a obra. Esse estranhamento não é causado pelo tecido que cobre os rostos em si, mas sim pela forma como eles, os amantes, estão posicionados. Eles embarram as faces e se enrolam até o pescoço, e é como se nós, espectadores, pudéssemos sentir um pouco do sufocamento do casal. Assim, do que a princípio seria uma simples fotografia de namorados, Magritte fez uma obra que consegue evocar uma imagem mental inquietante.





  
 


     Os Amantes  - René Magritte






Uma obra se torna imortal  quando ela consegue representar seu tempo, quando eterniza uma situação que, embora cristalizada, poderá ser relida conforme os novos tempos, possibilitando, assim, novas interpretações que nos leve a refletir.


O quadro, Os Amantes, de René Magritte, pode ser entendido, também, à luz dos tempos de hoje, como a expressão da falta ou da dificuldade de comunicação real na ilusão da própria comunicação, da conexão da modernidade líquida, tecnológica, acelerada, contrapondo-se às relações das velhas sociedades ditas lentas, mas que eram baseadas, dentro do possível,  numa responsabilidade mútua. 











Apesar do quadro mostrar um casal se beijando, o beijo, a relação é interrompida (até mesmo evitada, pode-se dizer) pelos sacos na cabeça de cada amante. São amantes líquidos. Amantes que não querem o compromisso, a responsabilidade de conhecer o outro em sua profundidade, não querem o obstáculo da verdade e da vida do outro para obstruir suas vidas tão cheias de movimentos acelerados e "modernos". Não há espaço, nem tempo para  O ENAMORAR-SE.











Em nossa sociedade dita pós-moderna, todos os entraves que possam, de alguma forma, interromper a maneira individual, egoísta e quantitativa do gozar hedonista, precisam ser evitados. 









A insegurança em não entender a complexidade do outro e a incapacidade de, simplesmente, não destruir sua alteridade, descartando-a como refugo da sociabilidade, favorece às formas superficiais de relacionamento, onde o termo conexão limita-se aos “face-books” da vida, afinal, nada mais fácil e livre de qualquer culpa e responsabilidade do que se desconectar – quebrar um laço que  já é por si frágil.








































































Montagem criada por Torres Matrice a partir de imagens que homenageiam e brincam , numa intertextualidade, com a obra de Magritte.


Música CARA de Arnaldo Antunes extraída do cd A CURVA DA CINTURA de Arnaldo Antunes e Edgar Scandurra.




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A Traição das Imagens



Apropriando-se do universo surrealista do pintor René Magritte,  o diretor Philippe cria um curta metragem que capta a atmosfera misteriosa e oníria do renomado pintor. Para tanto ele faz referências à várias pinturas famosas do artista. Veja se você consegue localizar as referências que surgem ao longo do curta.




Em torno do universo surreal de René Magrite, o colecionador vive em um quarto de hotel tomado por arte e fotos. Um realismo mágico que busca transformar sua imaginação no real, ou o real em sua imaginação?










Philippe diretor e roteirista do curta A Traição das Imagens e Vanessa produtora e roteirista
























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